2015-203-poesia-a-sul-2-outubro-007-siteO Encontro Poesia a Sul Olhão'15 continuou no segundo dia de outubro com dois nomes grandes da poesia ibérica e pessoanos por excelência a marcarem presença em Olhão: a algarvia Teresa Rita Lopes e o andaluz Manuel Moya. A conversa sobre Álvaro de Campos, na Galeria Sul, Sol e Sal foi animada e juntou dezenas de pessoas. Antes, a animação pelas ruas da baixa de Olhão esteve a cargo dos Garatuja e de poetas que iam declamando poemas ao passarem junto do público que encontravam.

Pela Rua do Comércio, Praça Patrão Joaquim Lopes e até aos Mercados, os Garatuja, grupo de Faro, com bombos e gaita de foles animaram e convidaram os transeuntes a participarem no evento cultural que Olhão acolhe até dia 17. E o povo gostou da animação, que terminou onde começou: no largo junto à Galeria que acolheu o encontro de escritores.

Teresa Rita Lopes, “uma das vozes literárias mais importantes de Portugal”, como fez questão de frisar o comissário de Poesia a Sul, Fernando Cabrita, e Manuel Moya, “um dos grandes poetas de Espanha da atualidade, que traduziu Fernando Pessoa, trocaram impressões sobre os heterónimos de Fernando Pessoa, especialmente Álvaro de Campos.
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Para Manuel Moya, “Pessoa é um amigo de caminho. De todos os heterónimos sempre me interessei mais por Álvaro de Campos”, testemunhou o poeta andaluz, que se diz um leitor de Fernando Pessoa, para quem este e Álvaro de Campos “vão confluindo no seu percurso”.

Teresa Rita Lopes, a maior estudiosa de Fernando Pessoa em Portugal, diz que o poeta “é uma floresta amazónica. Começou a ser desbravada há menos tempo do que pensamos. Fernando Pessoa era contido, educado; Álvaro de Campos transbordava das páginas para a vida real. Pessoa estava sempre em situação de conflito com os seus outros”, revelou Teresa Rita Lopes, que estudou (e estuda) como poucos toda a vida de Pessoa.

“Álvaro de Campos era Pessoa em melhor, mais desenvolto, mais bonito”, esclarece Teresa Rita Lopes, dizendo que “é preciso entender que a obra do poeta é diferente da obra de outros autores. A sua vida foi um imenso drama. A sua obra, como ele queria, só poderia ser publicada com todos os heterónimos que criou”, referiu a pessoana.
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Com um espólio que integra mais de 27 mil documentos, grande parte da obra de Fernando Pessoa ainda está por desvendar. Apesar de tudo, não se pode dizer que o poeta tenha publicado pouco, só que era muito difícil publicar na época, ressalva Manuel Moya. Teresa Rita Lopes esclarece: “Ele publicava quando lhe pediam, sobretudo para revistas. Nunca pediu a um editor para publicar”. A obra de Fernando Pessoa, que só pode ser entendida com os três heterónimos reunidos, tem de ser reconstituída e “isso ainda não foi feito de forma conveniente”, alerta Teresa Rita Lopes que publicou em 1990 “Pessoa por Conhecer”. Em breve, vai publicar no Brasil sete livros de poesia e ficção, começando pelo Livro do Desassossego.

Durante cerca de duas horas, Manuel Moya e Teresa Rita Lopes deram a conhecer aos que marcaram presença na Galeria Sul, Sol e Sal um pouco mais da vida e obra de Fernando Pessoa. Os presentes, que encheram a sala, entre poetas portugueses e espanhóis e público anónimo, ficaram mais ricos de saber numa tarde de Poesia a Sul.
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