2012-070-Expo Filipe Palma 1Está patente no Museu Municipal de Olhão uma exposição de fotografia de Filipe da Palma. Retratadas nas paredes das salas do primeiro andar deste espaço de cultura, estão fachadas, platibandas, portas e janelas fotografadas no concelho. Até 15 de setembro, as mesmas podem ser apreciadas no horário de funcionamento do Museu. Deslumbrante e enriquecedor!

A exposição intitulada “Sous les pavés la plage sous la plage un autre Algarve ou a Irreprodutibilidade de uma certa arquitetura algarvia”, mostra lindas platibandas de casas situadas na cidade e nas freguesias do concelho de Olhão, mas também azulejos, tintas garridas à volta de portas, texturas das paredes e janelas ou chaminés com história… são imagens que nos remetem para o passado e para a riqueza ali reproduzida.
O fotógrafo Filipe da Palma trouxe ainda até Olhão outras imagens de janelas e portas da região que estão originalmente expostas em mesas tapadas por vidro e areia; a areia do Algarve que tem de ser afastada para vermos o que está por baixo. Originalidade não falta, por isso, a esta exposição que merece uma visita demorada!

Paralelamente a um Algarve que paulatinamente se transmutou em produto de destino de férias correspondeu a erosão de um outro Algarve. De facto, tendo início nos finais dos anos 60 do século passado, o turismo, tendo como pedra angular o destino praia, cedo se expandiu, tentacular e particularmente, por uma litoral fímbria do Algarve, sepultando sob uma espessa camada de areia todos os diversificantes traços cuja existência permitia uma unicidade em relação a outras regiões de Portugal, nomeadamente numa arquitetura de cariz popular e vernacular, que pelo seu caráter orgânico, altamente permeável e sujeita a fortes tensões fracturantes, explicou o autor na sua apresentação.
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“Olhão surge-me, a par de outras poucas localidades, na aridez do conjunto das soluções criadas, mantidas e desenvolvidas ao longo de décadas na maior parte da região, como um porto onde sempre chego com renovada expetativa... Olhão, sem necessidade de muralhas, encerra em si vestígios ainda pulsantes desse outro Algarve, tendo nas suas gentes e nos seus sinais uma fusão do interior rural e do litoral piscatório, uma fusão entre uma arquitetura erudita por vezes faustosa e uma arquitetura popular... Olhão, tendo passado até hoje ao lado do interesse das hordas de turistas na demanda do Sol e das cálidas areias banhadas por tépidas águas, olvidado pelas démarches do tempo no sentido de um progresso e de um desenvolvimento tão imediato, tão apregoado e vendido como se de um prodígio instantâneo se tratasse, constitui-se, em mim, numa terra verdadeiramente singular que sempre me soube acolher na deambulação da vida, sentida, por terras do Sul. Olhão é terra para ser amplamente vivida em cada um dos seus átomos”. As palavras de Filipe da Palma, que podem ser vividas de outra forma durante a visita a esta exposição, mostram-nos uma forma original e sentida de viver esta terra. Até 15 de setembro, no Museu da Cidade de Olhão.

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